segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Selecção Nacional - o que se quer dela?

Demasiado tempo ocupado impediu-me de escrever neste espaço. Agora, volto aos textos para falar sobre a nossa selecção.

O play-off correu bem, mas o estilo de jogo não me entusiasmou nada. Num futebol dominado por médios, Portugal parece escapar a essa ideia, optando sempre por jogar pelas alas. É difícil perceber quem pauta o jogo na equipa. No último jogo, Miguel Veloso fez esse papel a espaços, mas não parecia ser esse o plano de jogo. Na selecção, os médios servem mais de apoio ao resto da equipa do que uma parte fulcral dela. Assim, a equipa depende muito dos desequilíbrios criados pelos alas para fazer um bom jogo.

O que proponho é que se adopte uma ideologia (/identidade) que envolva mais o meio-campo, mais do que um sistema. Como ficaria um texto demasiado extenso, vou tratar apenas os sistemas associados a algumas ideias de jogo.

Importa analisar os sistemas que dão mais privilégio à posse de bola, facilmente associados às equipas mais dominadoras da Europa (maior posse de bola, maior percentagem de passes certos e melhores resultados conjugados): Barcelona (4-3-3; 71% de posse de bola; 90% passes certos), Real Madrid (4-2-3-1; 61%; 86%), Man City (4-4-1-1; 56%; 85%), Man Utd (4-4-2; 54%; 84%), Bayern Munique e Dortmund (ambos em 4-2-3-1; 65%; 86% e 56%; 80%, respectivamente). Equipas como Roma, Juventus, AC Milan, Chelsea e Arsenal também poderiam ser analisadas.

O estilo do Barcelona e da selecção espanhola, assenta na posse de bola, na movimentação sem bola e na altíssima pressão que é feita ao portador da bola ("regra dos 6 segundos"). É difícil de replicar em tão pouco tempo (Guardiola no Barcelona, Luis Enrique na Roma e Marcelo Bielsa no Bilbao tiveram algumas dificuldades nos primeiros jogos à frente das equipas), mas podia ser um bom modelo para o futuro.
Onze exemplo: Patrício; Sílvio, Pepe, Bruno Alves, Coentrão; Miguel Veloso, Hugo Viana, Meireles; Nani, Quaresma, Ronaldo. Na frente escolho Quaresma em detrimento de Postiga para ter um ataque mais móvel que possa ter mais trocas posicionais (Quaresma e Nani podem passar pelo meio para libertar Ronaldo para uma ala), no meio-campo Hugo Viana como organizador e Meireles como elemento de ligação entre sectores.

O Real Madrid de Mourinho parece ter mudado os seus princípios em relação ao ano passado. O ano passado procurava um estilo de jogo mais directo, mas este ano parece mais próximo do estilo de jogo mais típico do campeonato espanhol. Assenta numa defesa forte, um pivot a organizar jogo e outro mais capaz no corte e nas transições e um 10 muito forte no último passe (não quer dizer que o seu passe dê golo, pode apenas libertar um jogador para uma situação de assistência). Tem a vantagem de ser um sistema conhecido por muitos elementos habituais da selecção.
Onze exemplo: Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Sílvio; Coentrão, Veloso, Nani, Rúben Micael, Ronaldo; Postiga. Optei por Coentrão no meio-campo para dar mais mobilidade (Veloso e Rúben Micael são mais posicionais) e por ter feito alguns jogos nessa posição no Real Madrid. Não queria incluir João Pereira no onze, mas sendo realista, sei que é bastante provável e uma das únicas opções (a outra seria Eliseu na esquerda e Sílvio na direita).

Aplicando o mesmo método para a selecção de jogadores para os outros sistemas, apresento só os 11:
Man City - Patrício; Sílvio, Pepe, Bruno Coentrão, Coentrão; Paulo Machado, Veloso, Meireles, Nani; Postiga; Ronaldo. Postiga nas costas de Ronaldo, porque é forte no último passe e tem um bom remate de longe. Ao estilo do que Milner faz para libertar Silva, Machado juntava-se a Veloso e Meireles no meio-campo para libertar Nani. Este sistema também daria mais possibilidades a Nani de rematar com o pé direito.
Man Utd - Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Sílvio; Nani, Veloso, Meireles, Coentrão; Postiga, Ronaldo. Aqui, Postiga faria um pouco do trabalho que Rooney fazia quando Ronaldo jogava no United: ajudar na pressão ou fechar uma das alas quando a equipa não tem a bola. Tanto este sistema como o do Man City obrigavam a selecção a treinar rotinas de 4-4-2, que a curto prazo seria complicado.
Bayern Munique/Dortmund - Patrício; Sílvio, Pepe, Bruno Alves, Coentrão; Veloso, Meireles, Nani, Danny, Ronaldo; Postiga. Aqui fica muito similar à escolha que fiz para o Real Madrid porque falta a Portugal um trinco mais posicional (como Tymoschuk/Luís Gustavo e Bender nas respectivas equipas). Poderia pôr-se a hipótese de Coentrão, Quaresma ou Postiga jogarem como 10 porque os movimentos que se pedem a esse jogador são mais de entrada na área do que no caso do Real Madrid. Hugo Almeida na frente também não seria uma opção a descartar (muitas vezes o Hugo Almeida consegue receber e segurar a bola de costas para a baliza mas não tem ninguém por perto, o que não aconteceria nesta situação).

Assim, como base da selecção teríamos:
Patrício, João Pereira (não que seja fã dele, mas não há muitas opções plausíveis), Sílvio, Coentrão, Pepe, Bruno Alves, Miguel Veloso, Hugo Viana, Meireles, Moutinho, Rúben Micael, Paulo Machado, Nani, Quaresma, Ronaldo, Danny, Postiga e Hugo Almeida.
Também gostava de ver Manuel Fernandes e Vieirinha nesta selecção, mas sei que é pouco provável que aconteça a não ser esporadicamente. Para lateral direito ainda há a hipótese Miguel (Valência) e mesmo Cédric (Sporting/Académica), mas não deverão ser escolhidos. Rúben Amorim e André Santos poderiam fazer parte deste lote se fossem mais agressivos nos processos defensivos (poderiam ser o trinco mais posicional que falta).

Acrescento que não contei com Ricardo Carvalho e Bosingwa, pois não parece que tenham hipóteses de voltar à selecção com Paulo Bento no comando.

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